Diplomacia em xeque

Trump encerra giro pelo Oriente Médio sob críticas e suspeitas de conflito de interesses

Por Anchieta Dantas Jr. - Em 18/05/2025 às 12:30 AM

1 Quem Apoia Donald Trump Nas Eleicoes Dos Eua Em 2024 31260516

A viagem incluiu paradas na Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes UnidosFoto: Reprodução / Instagram

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concluiu na sexta-feira (16) uma visita de três dias ao Oriente Médio com anúncios bilionários e polêmicas diplomáticas. Embora tenha celebrado acordos comerciais — como a promessa de venda de até 210 jatos da Boeing ao Qatar —, o roteiro pela região foi marcado por críticas à aproximação com regimes autoritários e suspeitas de conflito de interesses envolvendo os negócios da Trump Organization.

A viagem incluiu paradas na Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes Unidos, países nos quais a empresa da família Trump vem ampliando sua presença no setor imobiliário. Segundo o Washington Post, os filhos do presidente já estavam no Golfo dias antes da comitiva oficial, costurando acordos comerciais paralelos à agenda institucional.

O caso mais ruidoso foi o encontro com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, acusado de envolvimento na morte do jornalista Jamal Khashoggi. Trump, que em campanha havia prometido endurecer o discurso sobre direitos humanos, posou sorridente ao lado do líder de Riad e evitou qualquer menção ao episódio.

Negócios à frente da política

Durante a viagem, o republicano insistiu que o objetivo era fechar negócios. Nesse sentido, destacou o acerto com a Qatar Airways, que pode render até US$ 96 bilhões à Boeing. No entanto, especialistas contestam os números e apontam falta de clareza sobre os prazos e os termos dos contratos.

Outro ponto controverso foi a possível doação, por parte da família real do Qatar, de uma aeronave estimada em US$ 400 milhões — o que, se confirmado, configuraria a doação mais cara já recebida por um presidente americano. Pela Constituição dos EUA, presidentes e vices não podem aceitar presentes de governos estrangeiros sem autorização do Congresso.

Apesar das críticas, Trump foi recebido com pompa. No Qatar, a delegação americana circulou em Cybertrucks da Tesla, montadora de Elon Musk, aliado próximo do republicano. Em tom provocador, o presidente afirmou que os países visitados estavam “famintos por amor”, em contraste com a postura de seu antecessor, Joe Biden.

Ainda assim, o giro terminou sem avanços concretos na frente diplomática. A tentativa de reativar os Acordos de Abraão — que no primeiro mandato de Trump aproximaram Israel e países árabes — esbarrou na exigência saudita de criação de um Estado palestino como condição para retomar o diálogo com Tel Aviv.

Sem apoio de Israel, que ficou de fora do itinerário, e sem progresso nas negociações entre Rússia e Ucrânia — que motivariam uma visita à Turquia —, Trump deixou o Oriente Médio com ares de campanha, mas longe do pragmatismo político prometido. “Vou embora agora e entro em um Boeing de 42 anos. Mas novos estão chegando”, disse ao embarcar de volta aos EUA. (Com informações da Folhapress)

Mais notícias

Ver tudo de IN Poder