Setor Produtivo

Efeitos pós-Copom

Por Admin - Em 04/02/2022 às 11:37 AM

Industriais fora da caixinha (!!!)

Quando o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC) anunciou a taxa Selic de 10,75% ao ano, no fim da tarde da última quarta-feira, um movimento surpreendeu. O novo comando da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) reagiu com um questionamento à eficácia da política monetária. É preciso sair da caixinha, disse quase nessas palavras o presidente da entidade, Josué Gomes da Silva.  Não se trata de qualquer voz. Mas a do líder que fala não só pelos industriais, mas por todo o setor produtivo da maior economia do país: a de São Paulo. Nota divulgada ainda na quarta-feira diz que as decisões do Copom, para além de seus efeitos sobre a economia, “deveriam soar como alerta sobre tudo o que deixamos de fazer a contento para colhermos crescimento econômico com geração de emprego e renda de modo sustentável”. E segue: “O novo patamar da Selic incomoda, e muito, já que a inflação que visa combater não apresenta um perfil condizente para um tratamento exclusivo via aumento dos juros. Mas deveriam incomodar muito mais as razões que movem o Copom a refrear a atividade econômica já combalida”.

 

Menos inflação, mais renda.

 

Josué Gomes da Silva é presidente da Fiesp

É como se Josué Gomes da Silva dissesse que a política econômica e suas diretrizes para o desenvolvimento do país não podem estar condicionadas às questões conjunturais, nem apenas sob as ações do Banco Central e do Tesouro Nacional. É preciso uma visão estrutural. Portanto, consistente. “Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo as questões conjunturais, em geral de curto prazo e que definem as ações monetárias do Banco Central (BC), não devem sobrepor-se às razões estruturais que influenciam a economia nacional. Muito mais que o BC e o Tesouro, são os poderes da República e a sociedade que devem dar as diretrizes visando o interesse comum do desenvolvimento nacional”, diz o documento.

 

Ir além é preciso…

A mensagem da Fiesp parece clara: é preciso pensar para além do viés Copom. “Além de reconhecer as virtudes do setor primário e sua importância para a economia brasileira, é preciso também almejar o mesmo dinamismo para o setor industrial. A indústria de transformação é o principal canal de geração de inovações e espraiamentos tecnológicos para os demais setores. A expansão da renda e a geração de empregos de qualidade são características da indústria de transformação, com impactos positivos generalizados, do agronegócio aos serviços”. O setor produtivo é o motor de qualquer economia. Sua voz precisa ser ouvida. Sem empresas fortes, não há mercado de ações ou bancos. Todo o ecossistema financeiro depende, sim, da iniciativa de setores como a indústria. A geração de trabalho e riqueza também está diretamente ligada ao desempenho de quem produz. E o recado está dado.

 

As profissões… tradicionais e novíssimas!

Você sabia que, no Brasil, o número de médicos é de 501.313, o de advogados 1.198.028 e o de engenheiros quase 1,5 milhão? Enquanto isso, existe uma atividade que não para de crescer por aqui, mas que conta com menos de 15 mil profissionais espalhados pelo país: a Assessoria de Investimentos. Na ponta do lápis, isso significa: 1 profissional para cada 48 médicos, 1 assessor para cada 115 advogados e  um para cada 140 engenheiros… Para se ter uma ideia, só nos Estados Unidos, mais de 1 milhão de pessoas ganham a vida exercendo essa profissão. Deu para ver o potencial de crescimento que ainda temos por aqui? É por isso que em pouco tempo essa já é mais promissoras do mercado financeiro, e tem atraído profissionais de diferentes formações. Mas é preciso qualificação. E os próprios escritórios de investimento estão provendo essa, digamos, educação. Isto é que é senso de oportunidade.

 

#PensamentoEconômico

Mia Couto

Mia Couto, escritor moçambicano, autor do #PensamentoEconômico de hoje

Porque hoje é sexta-feira, o #PensamentoEconômico traz um pouquinho de literatura para falar de economia.

Mia Couto, senhoras e senhores!

“Cidadãos ativos:
Não se pode governar um país como se a política fosse um quintal e a economia fosse um bazar. Ao avaliar um regime de governação precisamos, no entanto, de ir mais fundo e saber se as questões não provêm do regime mas do sistema e a cultura que esse sistema vai gerando. Pode-se mudar o governo e tudo continuará igual se mantivermos intacto o sistema de fazer economia, o sistema que administra os recursos da nossa sociedade. Nós temos hoje gente com dinheiro. Isso em si mesmo não é mau. Mas esses endinheirados não são ricos. Ser rico é outra coisa. Ser rico é produzir emprego. Ser rico é produzir riqueza. Os nossos novos-ricos são quase sempre predadores, vivem da venda e revenda de recursos nacionais.
Afinal, culpar o governo ou o sistema e ficar apenas por aí é fácil. Alguém dizia que governar é tão fácil que todos o sabem fazer até ao dia em que são governo. A verdade é que muitos dos problemas que nós vivemos resultam da falta de resposta nossa como cidadãos ativos. Resulta de apenas reagirmos no limite quando não há outra resposta senão a violência cega. Grande parte dos problemas resulta de ficarmos calados quando podemos pensar e falar.
(E se Obama fosse africano?)”

 

 

 

 

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