
visões opostas
Alta do IOF expõe divergências entre Fernando Haddad e Gabriel Galípolo
Por Marlyana Lima - Em 24/05/2025 às 4:24 PM

Ministro da |Fazenda, Fernando Haddad
A harmonia que marcou o início da relação entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, dá sinais de esgotamento. O recente anúncio do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) escancarou divergências públicas entre as duas principais autoridades econômicas do país e ampliou a percepção de desalinhamento estratégico entre Fazenda e BC.
O mal-estar se intensificou após Galípolo deixar claro que não foi informado previamente da decisão, além de manifestar sua discordância com a medida, que ele considera inadequada para o momento. A Fazenda, por sua vez, sustentou inicialmente que o presidente do BC tinha conhecimento da iniciativa, mas recuou após a polêmica ganhar força no mercado financeiro.

Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo
O desconforto foi alimentado por declarações divergentes no governo. O secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que Galípolo estava ciente da proposta, enquanto Haddad, após contato telefônico com o presidente do BC, publicou em rede social que ele não havia sido avisado sobre a elevação do imposto. A Fazenda justificou o desencontro nas versões alegando que houve troca de informações gerais, mas não detalhadas, sobre as medidas em estudo.
Medida repercutiu mal no mercado
O decreto que elevou as alíquotas do IOF sobre operações de crédito, câmbio e seguro foi mal recebido pelo mercado financeiro, que interpretou a decisão como um movimento potencialmente restritivo, associado ao risco de controle de capital. A percepção negativa acentuou o desconforto de Galípolo, que considerou ter sido envolvido indiretamente na medida, sem participação efetiva no processo de decisão.
A expectativa era de que, sob Galípolo, a política monetária e a fiscal atuassem de forma mais harmônica, após anos de tensão entre governo e Banco Central. A alta do IOF, no entanto, revelou que as diferenças de visão permanecem — especialmente sobre o impacto do patamar dos juros na economia.
Nos bastidores, o episódio é visto como o ponto de inflexão na relação entre Haddad e Galípolo, que até então tentavam construir uma interlocução menos conflituosa.
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