CENÁRIO CONTURBADO

Banco Central revisa a estimativa de inflação para 7,1% e Selic em 12,75%

Por Marcelo - Em 24/03/2022 às 1:25 PM

O Banco Central (BC) elevou a estimativa de inflação para este ano. A revisão do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 4,7% para 7,1%, ficando muito acima do centro da meta definida para 2022: 3,5%. A nova estimativa consta do Relatório de Inflação divulgado nesta quinta-feira (24), pelo BC e aponta que a probabilidade de estouro da meta varia de 88% a 97%.

Inflação deverá estourar a meta do Banco Central acima do dobro                 Foto: Divulgação

Segundo a publicação, a instituição trabalha com dois cenários. No primeiro, considerado “de referência”, as projeções de inflação para 2022 ficam em torno de 10,6% nos dois primeiros trimestres do ano, caindo para 7,1% no fim do ano e para 3,4% em 2023. Esse cenário tem a probabilidade de estouro da meta de 97% e prevê que a taxa básica de juros, a Selic, feche o ano em 12,75%, caindo para 8,75% ao ano em 2023.

Já o segundo cenário, considerado alternativo, prevê que a inflação feche 2022 em 6,3%, caindo para 3,1% em 2023. Esse ambiente considera a hipótese de uma queda no preço internacional do petróleo, diminuindo o impacto do produto na alta dos preços no País. Nesse aspecto, o BC adota a premissa na qual o preço do petróleo segue a curva futura de mercado até o fim de 2022, terminando o ano em US$ 100,00 o barril e passando a aumentar 2% ao ano a partir de janeiro de 2023. A probabilidade de furar a meta é de 88%.

Conflito

Segundo o Banco Central, o ambiente externo, com a guerra entre Rússia e Ucrânia, levou a um aperto significativo das condições financeiras e aumentou a incerteza em torno da economia mundial. Em particular, por conta do choque de oferta decorrente do conflito que “tem o potencial de exacerbar as pressões inflacionárias que já vinham se acumulando tanto em economias emergentes quanto nas avançadas”.

“A elevação dos preços de commodities e dos preços de produtos importados – especialmente desde a escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia -, embora atenuada pela recente apreciação do real, pode ser considerada um novo choque de oferta do ponto de vista da economia doméstica, com impacto altista sobre a inflação e negativo sobre a atividade econômica no curto prazo”, afirma o relatório.

No ambiente interno, o BC disse que, apesar de indicadores mensais terem mostrado um recuo da atividade econômica em janeiro, é esperada uma recuperação da economia em fevereiro e março com a melhora da pandemia. A perspectiva é favorável para alguns setores específicos, como a agropecuária e as atividades econômicas que ainda estão em processo de recuperação dos impactos negativos da pandemia de Covid-19.

O relatório, entretanto, afirmou que a inflação ao consumidor segue elevada, “com alta disseminada entre vários componentes, e mais persistente”. O BC disse, ainda, que parte significativa dessa inflação está relacionada aos preços de combustíveis e de alimentos, mas também houve surpresa em itens associados à inflação subjacente, que mede a tendência dos preços.

Taxa Selic

O mesmo documento voltou a afirmar a disposição do Comitê de Política Monetária (Copom) em aumentar novamente em um ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 11,75% ao ano. Segundo o relatório, essa decisão reflete a incerteza ao redor do cenário econômico e um balanço de riscos “com variância ainda maior do que a usual para a inflação”. (Agência Brasil)

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