Economia digital

Brasil entra na corrida da economia de dados com programa Open Industry

Por Anchieta Dantas Jr. - Em 08/05/2025 às 7:00 AM

Economia De Dados Foto Freepik

A expectativa é que a economia global de dados movimente 827 bilhões de euros até o fim de 2025, com quase 30% dos fluxos operando em tempo real Foto Freepik

Com o lançamento do programa Open Industry Brasil, em abril desse ano, o país deu o primeiro passo para integrar o seleto grupo de nações que estruturam suas economias em torno do compartilhamento seguro e estratégico de dados. A iniciativa, apresentada no Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos (SP), busca posicionar o Brasil como protagonista na nova lógica industrial baseada em inteligência, interoperabilidade e soberania digital.

O programa é fruto da articulação entre a Associação Brasileira de Internet das Coisas (Abinc), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). A proposta é ambiciosa: criar os chamados data spaces — ambientes normatizados que permitam a troca de dados entre empresas, startups, governo e centros de pesquisa, com vistas a impulsionar a inovação e desenvolver novos modelos de negócio.

Para Jefferson Gomes, diretor da CNI e professor do ITA, o Brasil já domina a integração de sistemas, mas precisa agora transformar dados em ativo estratégico. “O Open Industry é uma ponte para isso. Se medirmos os resultados, teremos muitos motivos para aplaudir”, afirmou.

Primeiros passos e apoio governamental

Durante o evento, foi apresentado o plano de implantação do primeiro data space brasileiro, desenvolvido pela ABDI e alinhado às diretrizes da International Data Spaces Association (IDSA). O modelo, que vem sendo adaptado para a realidade nacional com o apoio da ABNT, foi inspirado em casos de sucesso como a cadeia logística da Thyssenkrupp e o ecossistema de fornecedores da holandesa ASML.

A agenda tem respaldo do governo federal. Henrique Miguel, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), destacou que o Open Industry complementa o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial e deve servir como infraestrutura essencial para a digitalização das cadeias produtivas.

Cristiane Rauen, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), lembrou que 96% dos dados da indústria nacional ainda são subutilizados. “É hora de transformar essa informação em valor. O Brasil precisa liderar a construção de uma economia baseada em dados — segura, eficiente e conectada”, defendeu.

A expectativa é que a economia global de dados movimente 827 bilhões de euros até o fim de 2025, com quase 30% dos fluxos operando em tempo real. O Open Industry é a aposta brasileira para conquistar uma fatia desse mercado e reinventar sua indústria com inteligência e propósito.

Mais notícias

Ver tudo de IN Business