
APERTANDO OS CINTOS
Copom eleva a Selic para 11,75% ao ano e já projeta nova alta de um ponto
Por Marcelo Cabral - Em 16/03/2022 às 8:44 PM
Em meio aos impactos da guerra na Ucrânia sobre a economia global, o Banco Central (BC) continuou a apertar os cintos na política monetária. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic, nesta quarta-feira (16), de 10,75% para 11,75% ao ano. A decisão era esperada pelos analistas financeiros.
Em comunicado, o BC informou que o momento atual exige cautela. O Copom indicou que a próxima elevação também será de um ponto percentual, mas que pode rever o ritmo do aperto monetário caso necessário. “Para a próxima reunião, o comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas”, destacou a nota.

Copom do BC já anunciou que nova alta ocorrerá na próxima reunião Foto: Divulgação
Apesar de a taxa de juros básica da economia ter sido decidida por unanimidade, o resultado foi publicado com cerca de 40 minutos de atraso. Isso ocorreu porque a reunião do Copom terminou pouco depois das 19 horas. Geralmente, as reuniões terminam no meio da tarde, e o resultado é divulgado a partir das 18h30.
Aperto monetário
A taxa chegou ao maior nível desde abril de 2017, quando estava em 12,25% ao ano. Esse foi o nono reajuste consecutivo na taxa Selic. Apesar da alta, o BC reduziu o ritmo do aperto monetário. Depois de três aumentos seguidos de 1,5 ponto percentual, a taxa foi elevada em um ponto. De março a junho do ano passado, o Copom tinha elevado a taxa em 0,75 ponto percentual em cada encontro. No início de agosto, o BC passou a aumentar a Selic em um ponto a cada reunião.
Com a decisão de hoje, a Selic continua num ciclo de alta, depois de passar seis anos em ser elevada. De julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018. A Selic voltou a ser reduzida em agosto de 2019 até alcançar 2% ao ano em agosto de 2020, influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia de Covid-19, o menor nível da série histórica iniciada em 1986.
Inflação
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em fevereiro, o indicador fechou em 10,54% no acumulado de 12 meses, no maior nível para o mês desde 2015,pressionado pelos combustíveis e pelos aumentos de início de ano nas despesas de educação.
O valor está bem acima do teto da meta de inflação. Para 2022, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não pode superar 5% neste ano nem ficar abaixo de 2%. No Relatório de Inflação divulgado no fim de dezembro pelo BC, a autoridade monetária estimava que o IPCA fecharia 2022 em 4,7% no cenário base. A projeção, no entanto, está desatualizada com as tensões internacionais que elevam a cotação do petróleo e com fatores climáticos que prejudicam as safras em diversas partes do Brasil. (Agência Brasil)
Mais notícias


CENA MUSICAL
