Apesar do avanço, ainda há espaço para crescimento. Jovens representam 22% da população em idade ativa, mas apenas 16% dos donos de negócio no Brasil Foto: Freepik

Com uma geração cada vez mais inclinada à autonomia profissional, o empreendedorismo já é realidade para 4,9 milhões de jovens brasileiros entre 18 e 29 anos. De acordo com levantamento do Sebrae com base em dados da PNAD Contínua, o número cresceu 25% nos últimos 12 anos — e o faturamento dos negócios comandados por esse público alcançou, em 2024, o maior patamar da série histórica.

O rendimento médio dos jovens que tocam seus próprios negócios chegou a R$ 2.567 neste ano. Embora ainda 26% abaixo da média geral dos donos de negócio no país (R$ 3.477), o valor representa uma evolução consistente, especialmente a partir de 2021, quando essa faixa etária começou a encurtar a distância de rendimento em relação aos empreendedores mais experientes.

A nova face do empreendedorismo

Entre os jovens empresários, 57% se autodeclaram negros — índice superior ao registrado no conjunto geral dos donos de negócio (53%). A maioria ainda é masculina (64%), mas a presença feminina nessa faixa etária supera a média nacional. Além disso, mais de 37% desses jovens já ocupam a posição de chefes de domicílio, número que vem crescendo ano após ano.

O perfil escolar também chama atenção. A proporção de empreendedores com ensino médio completo saltou de 33% para 47,5% entre 2012 e 2024. Quase 17% já concluíram o ensino superior, enquanto outros 9% estão em curso. A formalização dos negócios também avançou: hoje, 27% desses jovens estão registrados com CNPJ, ante 22% em 2015.

Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, o avanço reflete tanto a aposta dos jovens em uma carreira independente quanto a maior estabilidade da economia nos últimos anos. “Eles buscam liberdade profissional, mas precisam de um ambiente seguro para investir. É isso que está acontecendo agora”, afirmou.

Apesar do avanço, ainda há espaço para crescimento. Jovens representam 22% da população em idade ativa, mas apenas 16% dos donos de negócio no Brasil. Os dados revelam, portanto, não só um movimento relevante de ascensão, mas também um campo fértil para políticas públicas e estratégias de incentivo ao empreendedorismo jovem.