ESTRATÉGIAS

Maurício Filizola anuncia criação do Banco Fecomércio e cobra retorno às atividades produtivas no Estado

Por Marcelo - Em 01/05/2020 às 1:44 PM

Maurício Filizola cobrou uma previsão da retomada                                  Foto: Divulgação

O presidente da Fecomércio-CE, Maurício Filizola, realizou uma Live na manhã desta sexta-feira (1), Dia do Trabalhador, para anunciar o lançamento do Banco Fecomércio – que já deveria ter entrado em operação, em parceria com uma instituição financeira nacional, que vai oferecer uma série de serviços digitais para o setor de comércio, serviços e turismo do Ceará. Entretanto, a emergência em saúde acabou postergando o início das suas atividades. Ele ainda destacou as medidas que a entidade está adotando neste momento de pandemia de coronavírus.

“O Banco Fecomércio surgiu de nossa participação em eventos internacionais e observamos algumas tendências, que podem fazer com que a gente possa avançar. Vimos muitas soluções financeiras digitais e como temos uma representatividade muito grande na economia cearense, decidimos lançar, em breve, este banco aqui no Ceará. Ele terá todas as ferramentas de qualquer banco digital, como linhas de crédito, financiamentos, entre outros, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas”, explicou.

Ele cobrou do poder público definições sobre quando poderá ser feita a reabertura do comércio e o atendimento às solicitações do setor. “O Governo precisa ser cobrado, assim como estamos sendo cobrados pelos nossos colaboradores. Todos precisam ir para a ação, assim como estamos fazendo, apresentando dados para que possamos organizar nossas estratégias para essa retomada. Responsabilidade de previsibilidade é o principal. O setor de saúde vem acompanhando esses dados de evolução da doença e precisa nos oferecer pelo menos uma previsão de quando poderemos reabrir nossos negócios. No Ceará, 59,1% dos trabalhadores formais estão impossibilitados de exercer suas funções, devido aos decretos estaduais”, asseverou.

“Precisamos de uma previsibilidade do Governo do Ceará, pois não foi dado às empresas um prazo para organizar nossas ações e, principalmente, quando poderemos reabrir os nossos estabelecimentos. Queremos a abertura do comércio de forma gradual, responsável, e com a participação efetiva dos órgãos de saúde. Um retorno responsável, com todos os cuidados na proteção das pessoas. E que os empresários que possam voltar às suas atividades, baseados no decreto Federal, possam fazer de maneira responsável. Precisamos do apoio do Governo do Ceará, pois solicitamos uma redução da alíquota ou divisão do pagamento do ICMS, mas até agora não tivemos uma resposta”, disse.

Vários jornalistas participaram da Live com o presidente da Fecomércio-CE

Ele afirmou os jornalistas que participaram da Live ter consciência da responsabilidade do Governo junto ao Confaz, mas que é preciso um apoio neste momento desafiador. “É necessário que o Governo veja que da mesma forma que ele está tentando organizar suas finanças, nós, empresários, também estamos procurando fazer o mesmo, a fim de que possamos manter nossos negócios funcionando, os pagamentos dos fornecedores, colaboradores e dos impostos, que retornam para o Governo posteriormente”, destacou. Afinal, demonstrou que num cenário otimista o PIB cearense deverá sofrer um impacto de R$ 2,7 bilhões devido à pandemia e no mais pessimista de R$ 11,1 bilhões. Sendo que no cenário mais provável, de acordo com o estudo, esse impacto deve ser de perdas de R$ 7,5 bilhões.

No caso do turismo, um dos primeiros a ser impactados pela pandemia, tem visto empresas em grandes dificuldades, num setor que foi alçado a posição de destaque pelo Governo do Ceará, com a implantação do Hub aéreo e outras ações de divulgação no Brasil e exterior, mas que está sendo desarticulado. “Precisamos do apoio do Governo para essas empresas, principalmente as locais, e que os eventos que estavam previstos para serem realizados aqui, sejam mantidos no futuro. Tenho percebido que dentro do Comitê de Enfrentamento composto pelas 25 entidades públicas e privadas, ainda não tivemos um retorno. E o Governo precisa estar olhando para o comércio, serviços e turismo, que têm uma representatividade muito grande dentro da economia cearense. O olhar, neste momento, está muito focado na saúde, mas é preciso ações direcionadas para as empresas do comércio de bens, serviços e turismo, para que elas possa continuar operando, gerando emprego e renda”.

Interligação

O presidente da Fecomércio-CE enfatizou que o sistema produtivo interliga diversos setores como comércio, indústria, transporte, entre outros. “Ninguém funciona sozinho. É preciso que a gente possa ir retomando as atividades, pois se alguma dessas engrenagens forem quebradas, pode desestruturar todo o sistema. Uma empresa é praticamente um ser vivo, pois ela é feita de pessoas. Sou do setor farmacêutico há 33 anos e estamos vendo a quebra de vínculos entre as empresas e as pessoas, que é muito importante. O comércio é relacionamento, conexão entre pessoas, e não podemos quebrá-la. Temos de manter esta engrenagem viva”.

Destacou que o comércio vai sair desta pandemia de uma maneira diferente, nas relações com os governos, os consumidores, entre os empresários. “As entidades já preveem 3 milhões de desempregados, pois o setor produtivo vem sendo fortemente impactado pela pandemia. Antes dela, em fevereiro, tínhamos 12,3 milhões de desempregados, mas a tendência agora é de piora desse quadro. A expectativa para o futuro vinha melhorando, mas com a paralisação da atividade econômica, 89,0% dos empresários cearenses destacam que terão dificuldades para pagar os salários de seus colaboradores e 63,9% terão sérios problemas para pagar seus fornecedores. Se não está havendo faturamento, pois todos estão fechados, como honrar seus compromissos?”, questionou.

Maurício destacou as ações do Senac, do Sesc e do IPDC na pandemia

Filizola afirmou que é preciso valorizar as empresas do Brasil e do Ceará, pois percebeu que estamos dependentes dos outros países. O próprio Governo Federal tem efetuado compras no exterior de uma série de produtos. “É preciso valorizar o que é nosso, principalmente para alavancar a retomada da economia. O prejuízo é ainda maior para as MPEs, pois elas têm menor capacidade financeira. Temos batido muito nisso em nossas reuniões com o setor bancário, pois é preciso um apoio neste momento desafiador”.

Mostrou que dos 10.001 estabelecimentos/postos de trabalho que funcionam durante a pandemia, somente 209 funcionários foram infectados com o coronavírus, sem nenhum óbito. “Temos de parabenizar esse pessoal, pois entre todo esse universo de profissionais que continuam trabalhando, a taxa de contaminação ficou em apenas 0,5%, pois as empresas têm cuidado de seus colaboradores, com o fornecimento de EPIs, álcool em gel para funcionários e clientes, espaçamento entre todos. São normas que estamos adotando e queremos sugerir ao Grupo de Trabalho que estamos participando”, disse.

Retomada

O presidente da entidade destacou que as atividades consideradas essenciais pelo decreto presidencial publicado, no dia 28 de abril, devem ser liberadas em breve. “Queremos que sejam retomadas as atividades de oficinas, locadoras, equipamentos como elevadores, refrigeração; produção, distribuição, comercialização e entrega, presencial ou eletronicamente, de produtos de higiene, limpeza, saúde, materiais de construção; transporte rodoviário, dentre outros. Ou seja, o Governo Federal fez a sua parte, e agora é preciso os governos estaduais e municipais fazerem a deles. É preciso compatibilizar a questão da saúde com a econômica, pois precisamos ter um retorno gradual das atividades, com todo o cuidado, com informações e equipamentos de segurança, para que a economia não entre em colapso. Também temos uma preocupação com a imunidade das pessoas, por meio de um reforço na alimentação, para que o organismo delas possa reagir melhor no momento em que forem infectadas pelo vírus. Sempre com foco na vida. Nosso papel é adotar uma série de protocolos e processos seguros, para evitar um crescimento do número de casos, mas sempre acompanhando as normativas da saúde”, lembrou.

Maurício lembrou o Amigos do Prato, idealizado por Luiz Gastão

Maurício afirmou que o Sistema Fecomércio – que engloba também o Sesc, o Senac e o IPDC – tem adotado diversas ações para ajudar os empresários, como o Tudo em Casa Fecomércio; várias Lives do Senac-CE; o Sesc-CE credenciou mais de 513 artistas e profissionais de cultura para chamamentos públicos. “E hoje teremos mais uma ação do Mesa Brasil, que nasceu aqui no Ceará com o Amigos do Prato, idealizado na gestão do Luiz Gastão Bittencourt há 18 anos, que tem diversas empresas doadoras de alimentos (185) e que chegam na mesa das pessoas que mais precisam. Há o projeto Costuras do Bem, do Senac, que cadastrou mais de 130 costureiras para a produção remunerada de máscaras para serem doadas; EAD Senac; retomada das salas de aula na plataforma Google for education, durante a pandemia”, completou Maurício Filizola.

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