O CEO da Novo Nordisk, Lars Jørgensen, enfatizou que a empresa está assegurando o fornecimento contínuo de semaglutida ao mercado norte-americano, mesmo diante das políticas protecionistas do novo governo dos Estados Unidos FOTO: Getty Images

A Novo Nordisk (NVO), farmacêutica dinamarquesa conhecida pelo desenvolvimento dos medicamentos Ozempic e Wegovy, anunciou recentemente a atualização das bulas de suas canetas injetáveis, com base em novos dados clínicos que comprovam benefícios adicionais do princípio ativo semaglutida. Durante uma conferência global, realizada nesta quinta-feira (6), Martin Lange, vice-presidente executivo de Desenvolvimento da empresa, detalhou as descobertas e o impacto positivo desses medicamentos além do tratamento da diabetes tipo 2 e obesidade.

Nos Estados Unidos, as bulas já incluem informações sobre o potencial da semaglutida para reduzir eventos graves, como infartos e AVCs (Acidente Vascular Cerebral). Além disso, a substância tem demonstrado benefícios para a saúde renal e hepática, com estudos também apontando a diminuição de insuficiência cardíaca, renal e hepática. Lange ressaltou, ainda, o interesse da empresa em explorar o impacto da semaglutida no tratamento do Alzheimer e da demência, além de problemas relacionados ao abuso de substâncias, como o álcool.

O CEO da Novo Nordisk, Lars Jørgensen, enfatizou que a empresa está assegurando o fornecimento contínuo de semaglutida ao mercado norte-americano, mesmo diante das políticas protecionistas do novo governo dos Estados Unidos. A companhia investiu US$ 2,5 bilhões na construção de uma fábrica na Carolina do Norte, com o objetivo de produzir o princípio ativo de maneira mais eficiente, através de uma produção em larga escala.

Além disso, Camilla Sylvest, vice-presidente de Estratégia Comercial e Negócios da empresa, alertou sobre a crescente preocupação com a falsificação de medicamentos como o Ozempic e Wegovy no mercado norte-americano. Sylvest também destacou o potencial da semaglutida em reduzir comorbidades associadas à obesidade e diabetes, como doenças cardíacas e renais, o que poderia resultar em benefícios econômicos substanciais para os sistemas de saúde ao redor do mundo.

No Brasil, a patente da semaglutida expirará em março de 2026, o que possibilitará a entrada de genéricos e similares no mercado, ampliando o acesso ao tratamento. Priscila Mattar, vice-presidente da área médica da Novo Nordisk Brasil, comentou sobre a redução esperada dos preços, mas ressaltou que a companhia continuará a investir em inovação e pesquisa para o desenvolvimento de novas soluções terapêuticas.

Em relação à oferta gratuita de medicamentos para obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS), Mattar destacou que, embora a obesidade seja uma questão de saúde pública crescente no Brasil, a implementação de programas de tratamento em larga escala exigiria um volume significativo de orçamento público, além de negociações com autoridades de saúde. A Novo Nordisk aguarda, ainda, uma avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) sobre o Wegovy, medicamento para o tratamento da obesidade, para possível inclusão no sistema público de saúde.

Com a crescente aceitação de seus produtos e a busca por ampliar o acesso a tratamentos, a Novo Nordisk se posiciona como uma das líderes no combate à obesidade e doenças relacionadas, ao mesmo tempo em que enfrenta desafios de mercado e regulação.