MERCADO DE AÇÕES

Petrobras perde R$ 24,5 bilhões em valor de mercado com resultados e dividendos abaixo do esperado

Por Redação - Em 27/02/2025 às 10:09 PM

Petrobras Agência Petrobras

Os papéis ON caíram 5,56%. Já os papéis PN recuaram 3,53%

As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) sofreram uma forte queda nesta quinta-feira, com perdas de 5,56% para os papéis ON (R$ 39,24) e 3,53% para os PNs (R$ 36,61), após a divulgação dos resultados financeiros do quarto trimestre de 2024 e a redução no valor dos dividendos, que ficaram abaixo das expectativas do mercado. Como consequência, a empresa perdeu cerca de R$ 24,5 bilhões em valor de mercado, passando de R$ 515,92 bilhões na quarta-feira para R$ 491,42 bilhões nesta quinta.

Os ADRs (recibos de ações negociados na Bolsa de Nova York) da Petrobras também indicaram uma reação negativa do mercado. No pré-mercado de Nova York, os papéis PBR (equivalentes aos ordinários) caíam 4,40%, cotados a US$ 13,69, enquanto os PBR-A (preferenciais) apresentavam queda de 3,82%, a US$ 12,59. No pós-mercado da quarta-feira, as perdas já haviam sido expressivas: PBR caiu 7,12%, enquanto PBR-A teve uma queda de 7,26%.

O prejuízo líquido da Petrobras no quarto trimestre foi de R$ 17 bilhões, uma reversão significativa em relação ao lucro de R$ 31 bilhões registrado no mesmo período de 2023. Este resultado impactou o lucro anual, que caiu 70,6%, totalizando R$ 36,6 bilhões, depois de um desempenho recorde em 2023, quando a companhia obteve o segundo melhor lucro da sua história, de R$ 124,6 bilhões.

O principal fator que gerou a reação negativa no mercado foi o anúncio dos dividendos. A Petrobras aprovou o pagamento de R$ 9,1 bilhões em dividendos, valor que será confirmado em Assembleia Geral Ordinária. No total, considerando os proventos já pagos ao longo do ano, a remuneração aos acionistas referente ao exercício de 2024 deve alcançar R$ 75,8 bilhões. No entanto, o valor do dividendo, equivalente a US$ 1,6 bilhão, ficou abaixo das expectativas, com analistas da XP apontando uma previsão entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões.

Os analistas atribuíram essa redução ao aumento do capex (despesas de capital), que terminou 2024 cerca de US$ 2,1 bilhões, ou 15%, acima do guidance da empresa, com a maior parte da surpresa concentrada no 4T24. Durante a webcast de resultados, a Petrobras explicou que esse aumento foi causado principalmente por dois fatores: a antecipação da produção do FPSO Almirante Tamandaré (Búzios 7) e pagamentos antecipados a fornecedores para evitar atrasos nas plataformas de Búzios, como a P-78 (Búzios 6) e a P-79 (Búzios 9).

Além disso, o Itaú BBA destacou que a evolução dos projetos de Búzios está enfrentando atrasos, com as primeiras datas de petróleo para as plataformas P-78 e P-79, inicialmente previstas para 2024, não sendo reprogramadas no último plano estratégico. A aceleração dos pagamentos em 2024 gerou um descompasso entre os desembolsos financeiros e o cronograma de produção, o que resultou na revisão do capex para o ano.

Apesar das preocupações com o aumento das despesas, os analistas do Morgan Stanley e do Itaú BBA acreditam que os desembolsos em 2025 devem ser menores, uma vez que a antecipação de pagamentos em 2024 ajudou a reduzir o descompasso entre as fases física e financeira dos projetos. Isso pode abrir espaço para distribuições extraordinárias de dividendos no futuro.

A reação negativa do mercado reflete o impacto dos resultados financeiros abaixo do esperado e o desafio do aumento do capex, mas há expectativa de que a empresa possa retomar sua trajetória de crescimento e maior distribuição de dividendos nos próximos anos.

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