TAXAÇÃO NAS ALTURAS

Tarifaço de 50% imposto pelos EUA ameaça exportadoras brasileiras e Embraer já sente o primeiro impacto

Por Marcelo Cabral - Em 10/07/2025 às 2:23 PM

Embraer tem 23,8% de sua receita exportadora oriunda dos EUA                     Foto: Divulgação/Embraer

A recente decisão do presidente norte-americano Donald Trump de elevar para 50% as tarifas sobre produtos importados do Brasil deve atingir em cheio empresas estratégicas dos setores de Bens de Capital e Agronegócio. Entre as mais impactadas está a Embraer, referência global na indústria aeronáutica, que vê os Estados Unidos representarem 23,8% da receita de suas exportações.

Especializada na produção de jatos comerciais, executivos e aeronaves militares, a Embraer mantém uma sólida base de clientes norte-americanos – relação que agora se vê ameaçada por um novo cenário protecionista. O anúncio da medida desencadeou uma reação imediata no mercado: as ações da companhia (EMBR3) chegaram a recuar 8,41%, atingindo a mínima de R$ 71,63 na manhã desta quinta-feira (10).

Embora alguns modelos da fabricante brasileira ocupem nichos quase exclusivos no mercado internacional, outras aeronaves encontram concorrência direta de empresas dos Estados Unidos e Europa. A nova tarifação, que quintuplou em relação à anterior de 10%, pode comprometer a performance da companhia, que vinha de um ciclo de forte valorização na B3, com ganho acumulado superior a 100% nos últimos 12 meses.

Além da Embraer, outras gigantes nacionais podem ser afetadas. Empresas dos setores de Papel & Celulose e Alimentos & Bebidas, com exposição relevante ao mercado norte-americano, estão sob alerta. A Suzano (SUZB3), por exemplo, obtém 16,6% de suas receitas com exportações para os EUA; a Tupy (TUPY3), 13,9%; a Jalles Machado (JALL3), 11%; a Frasle Mobility (FRAS3), 10,8%, e a Minerva (BEEF3), entre 8% e 15%, dependendo da sazonalidade e dos contratos vigentes.

As novas tarifas devem entrar em vigor no próximo dia 1º de agosto, conforme carta oficial enviada por Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até lá, estão previstas rodadas de negociações entre os governos dos dois países, numa tentativa de atenuar os impactos da medida. Ainda assim, analistas alertam que o investidor deve acompanhar de perto os desdobramentos na B3, evitando decisões precipitadas de compra ou venda em um ambiente volátil e sensível ao cenário externo.

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