Mais da metade dos entrevistados demonstrou interesse em atividades como observação de borboletas e mariposas FOTO: Freepik

O turismo global caminha para uma virada de comportamento em 2026. Um novo levantamento internacional da Booking.com aponta que as próximas viagens serão menos barulhentas, mais lentas, altamente personalizadas e cada vez mais conectadas a escolhas que reduzem impactos ambientais — muitas vezes sem que o viajante perceba que está adotando práticas sustentáveis.

O estudo, realizado com cerca de 30 mil pessoas em 33 países, indica que o setor entra em uma fase marcada pelo uso intensivo de inteligência artificial, pelo afastamento de destinos saturados e pela valorização de experiências ligadas à natureza, ao consumo local e a deslocamentos mais eficientes.

Entre as principais tendências estão as chamadas “viagens de hobbies silenciosos”. Mais da metade dos entrevistados demonstrou interesse em atividades como observação de borboletas e mariposas, enquanto três em cada quatro aceitariam viajar para pescar ou observar aves.

O setor entra em uma fase marcada pela valorização de experiências ligadas à natureza, ao consumo local e a deslocamentos mais eficientes FOTO: Freepik

Essas viagens não seguem calendários tradicionais de férias. Elas dependem de ciclos naturais, como épocas de migração, floração e reprodução da fauna, estimulando deslocamentos em períodos alternativos e reduzindo a pressão sobre destinos superlotados. O movimento também fortalece o turismo de conservação, no qual guias e hospedagens locais atuam diretamente na proteção dos ecossistemas.

Lembranças que ficam na mesa

Outra mudança importante é o crescimento das “lembranças culinárias”. Dois terços dos viajantes afirmam preferir utensílios artesanais e alimentos regionais como souvenirs. Além de movimentar pequenos produtores e artesãos, esse comportamento mantém renda nas comunidades locais, reduz emissões de transporte e gera menos resíduos do que produtos industrializados.

Dois terços dos viajantes afirmam preferir utensílios artesanais e alimentos regionais como souvenirs FOTO: Freepik

A prática se alinha aos princípios internacionais de turismo sustentável, que defendem a priorização de cadeias produtivas locais e a preservação do patrimônio cultural.

Estradas mais limpas e compartilhadas

O relatório também indica uma reinvenção das viagens rodoviárias. Nos Estados Unidos, 82% dos viajantes consideram dividir o carro durante as férias, e quase metade usaria aplicativos para compartilhar rotas. Entre os mais jovens, cresce a confiança em ferramentas de IA e até em veículos autônomos para planejar trajetos menos explorados.

A tendência pode aliviar congestionamentos, reduzir emissões e direcionar turistas para cidades menores, ajudando a descentralizar o fluxo turístico.

Outros movimentos em expansão

Além dessas três frentes, o estudo aponta crescimento de viagens motivadas por nostalgia, astrologia e celebrações pessoais fora do calendário tradicional. Esses comportamentos podem impulsionar deslocamentos fora da alta temporada e espalhar o turismo ao longo do ano — embora também tragam desafios, como o risco de aumento de viagens longas e maior pressão sobre a aviação.

Novo perfil de viajante

No conjunto, as previsões indicam que o turismo de 2026 será menos guiado por roteiros padronizados e mais por experiências com propósito, ritmo próprio e conexão com o local visitado. Para o setor, o recado é claro: sustentabilidade, tecnologia e autenticidade deixaram de ser diferenciais e passam a compor o novo padrão de viagem global.