Fix Chocolate Dubai só é vendido nos Emirados Árabes Unidos

Um vídeo viral no TikTok fez do luxuoso chocolate de Dubai uma obsessão mundial — e desencadeou uma inesperada crise no mercado global de pistache. As barras recheadas com creme da noz verde e envoltas em chocolate ao leite se tornaram o doce mais cobiçado do momento, elevando os preços do pistache em mais de 30% e pressionando a cadeia de fornecimento do fruto seco.

Criado pela boutique emiradense FIX em 2021, o doce era, até recentemente, uma iguaria regional, combinando massa folhada desfiada (kataifi), creme de pistache e uma cobertura de chocolate ao leite. O sucesso explosivo veio após um vídeo postado em dezembro de 2023 atingir mais de 120 milhões de visualizações no TikTok, catapultando o produto ao estrelato digital e impulsionando a demanda global.

O impacto foi imediato: o preço da amêndoa de pistache saltou de US$ 7,65 para US$ 10,30 por libra, segundo a empresa de comércio CG Hacking.

A escassez é agravada por uma safra fraca nos Estados Unidos — o maior exportador mundial de pistache — e pela qualidade superior da colheita, que resultou em menor disponibilidade de amêndoas sem casca, insumo essencial para a indústria alimentícia. O Irã, segundo maior produtor, viu as exportações de pistache para os Emirados Árabes aumentarem 40% nos últimos seis meses, intensificando o desequilíbrio da oferta.

Versões alternativas chegam a ser vendidas no Brasil por até R$ 600 o kilo

Enquanto isso, marcas como Lindt e Läderach correm para atender a demanda crescente. A versão premium do chocolate de Dubai custa o dobro de outras barras da marca suíça e já apareceram até em versões de ovos de Páscoa. Algumas lojas no Reino Unido estão limitando a quantidade vendida por cliente.

“A demanda está absolutamente fora de controle”, relatou o CEO da Läderach, Johannes Läderach. “Lançamos há poucos meses e simplesmente não conseguimos parar de produzir.”

A FIX, criadora da barra original batizada de Can’t Get Knafeh of It, declarou estar feliz com o sucesso, mas preocupada com a proliferação de cópias que exploram sua marca sem autorização. A empresa só vende o doce nos Emirados Árabes Unidos, por duas horas diárias.

Essa nova febre por pistache chega em um momento de tensão já existente no setor de confeitaria. A crise global do cacau, motivada por desastres climáticos e doenças que afetaram colheitas na África Ocidental, fez os preços da matéria-prima triplicarem nos últimos meses. A combinação dos dois fatores ameaça encarecer ainda mais as sobremesas premium.

Com os estoques em queda e o plantio de novos pistacheiros só rendendo frutos a partir do segundo semestre, especialistas preveem que a escassez e os preços elevados devem continuar até, pelo menos, 2026.