
BLACK
Mostra de filmes do MAM São Paulo exibe série inédita de Aldo Tambellini
Por Viviane Ferreira - Em 16/11/2023 às 2:30 PM

.
O Museu de Arte Moderna de São Paulo promove em novembro e dezembro uma mostra de filmes de artistas, com sessões gratuitas no Auditório Lina Bo Bardi. O programa inicia em 18 de novembro (sábado), com a Mostra BLACK, que reúne filmes de Aldo Tambellini (1930 – 2020), artista ítalo-americano, cujo trabalho foi pioneiro na experimentação das novas tecnologias da década de 1960, combinando slides, fotografias, filmes e também pintura, áudio, arte cinética e performance.
A mostra de Tambellini no MAM tem curadoria de Jane de Almeida, professora da PUC São Paulo e curadora independente, e traz em sua programação a série BLACK, inédita no Brasil, o filme-ensaio Listen e o registro da performance The event of the Screw.
Filmes BLACK
Realizada na década de 1960 em Nova York, a série de filmes BLACK era acompanhada por performances e poemas do movimento Black Power. A obra, na época, era exibida no Black Gate Theatre, fundado por Tambellini e o artista Otto Piene. “Era um espaço único na cidade, onde se exibia uma programação de filmes experimentais e independentes, além de performances e instalações multimídia ao vivo de artistas como Nam June Paik e Yayoi Kusama. Nesse local, Tambellini apresentava seus dispositivos artísticos, como o Black Spiral, uma modificação de TV que distorcia as transmissões ao vivo”, explica Jane de Almeida.
A produção que abre a série, BLACK IS, tem como trilha sonora o som de batimentos cardíacos e foi realizada inteiramente sem câmera. O filme projeta formas abstratas e iluminações sobre um fundo noturno. O preto como elemento metafísico e como fim era um tema recorrente na obra de Tambellini. “Na obra de Tambellini, o preto é um compósito sensual que reúne diferentes elementos como cor, matéria física, raça, escopia, filosofia e ideologia”, comenta Jane de Almeida.
Aldo Tambellini nasceu nos Estados Unidos e sua família se mudou para Itália no início de sua infância. Ali viveu até a Segunda Guerra Mundial, período em que viu seus amigos e vizinhos serem bombardeados. Na vida adulta, ao retornar ao solo americano, essas memórias aparecem em sua obra marcada pelo encontro inesperado e obsessivo com o preto.
Filho de pai brasileiro, Aldo esteve no Brasil em 1981, para apresentar seu trabalho Comunicatosfera na 17ª Bienal de São Paulo. Em uma jornada artística e identificatória de nove meses na cidade, registrada em cartões postais, ele se pergunta: How Brazilian can we get? (quão brasileiro você pode se tornar?).
Além das produções gravadas na década de 1960, a seleção apresentada na mostra de filmes do MAM inclui Listen (2005), um filme-ensaio realizado por Tambellini em parceria com Anthony Tencza. A produção foi premiada no New England Film Festival e no Syracuse International Film Festival, ambas na categoria Melhor Filme Experimental.
“O trabalho de Aldo Tambellini, pioneiro na arte eletrônica, se destaca pelo experimentalismo e como referência sobre os desdobramentos recentes no campo da arte contemporânea. O MAM é um museu experimental e, como Aldo Tambellini, busca questionar seus próprios limites, sempre valorizando a liberdade artística”, conta o curador-chefe do MAM, Cauê Alves.
Sobre Aldo Tambellini
Aldo Tambellini (1930-2020) é um artista americano-italiano, reconhecido internacionalmente por um trabalho pioneiro que explorou as novas tecnologias da década de 1960, combinando slides, fotografias, filmes e também pintura, áudio, arte cinética e performance. Nos últimos anos, Aldo Tambellini teve seus trabalhos expostos em importantes centros como a Tate Modern (2012 e 2020), MoMA (2013), ZKM (2020), Centre Georges Pompidou (2012) e a Bienal de Veneza (2015). Este reconhecimento recente reflete suas obras pioneiras no cenário artístico de Nova York durante 1950 e 1960, com peças dedicadas ao ativismo político e preocupações filosóficas sobre a comunidade artística.
Mais notícias


DADOS DA CNC
