Ciência e cuidado

Muito além do emagrecimento: Dra. Isadora Machado fala sobre lipedema e tratamento adequado

Por Paulla Pinheiro - Em 12/05/2025 às 3:14 PM

Capa Isadora Machado

Isadora Machado

Muito além da balança, há diagnósticos que pedem escuta, investigação e cuidado. Um deles é o do lipedema — condição crônica ainda pouco reconhecida, mas que afeta cerca de 12% das mulheres brasileiras. Em entrevista ao Portal IN, a médica Isadora Machado chama atenção para os sinais da doença e reforça a importância do olhar multidisciplinar sobre o corpo feminino.

Caracterizado por um acúmulo anormal, simétrico e doloroso de gordura subcutânea — geralmente nas pernas, mas também nos braços — o lipedema é frequentemente confundido com obesidade ou retenção hídrica. “O problema é que, quando o diagnóstico é confundido, o tratamento também falha. Dietas restritivas e treinos exaustivos podem não surtir o efeito esperado, o que leva muitas mulheres à frustração e ao sofrimento silencioso”, explica Isadora.

O que poucos sabem é que se trata de uma doença inflamatória, associada à predominância estrogênica — ou seja, agravada por fases hormonais como puberdade, gravidez e menopausa. Por isso, um dos pilares do tratamento é a modulação hormonal, combinada à nutrição anti-inflamatória e ao acompanhamento clínico constante.

“É essencial individualizar o tratamento. O lipedema não é sobre estética. É uma questão de saúde e qualidade de vida”, reforça a médica, que também alerta para a relação entre a doença e o hipotireoidismo, condição que pode acentuar os sintomas, como o inchaço persistente e o metabolismo desacelerado.

No consultório, estratégias como dieta cetogênica com foco anti-inflamatório, uso de injetáveis personalizados e moduladores linfáticos vêm ganhando espaço entre as abordagens mais recentes. Em estágios avançados, a lipoaspiração tumescente pode ser indicada, sempre com o respaldo de equipe especializada e baseada em evidências.

A drenagem linfática manual, o uso de meias de compressão, a fisioterapia regular e o suporte psicológico completam o leque de cuidados contínuos. “Mais do que tratar, queremos escutar e acolher. Porque viver com dor, hematomas e vergonha do próprio corpo não pode ser visto como algo ‘normal’”, finaliza.

Informação, nesse caso, é também ferramenta de liberdade. E falar sobre lipedema é abrir espaço para que mais mulheres se reconheçam, se cuidem e encontrem caminhos para reconquistar o bem-estar.

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