Mais de 50 robôs com IA circulam pelas estufas monitorando e colhendo os frutos no ponto ideal de maturação Foto: Divulgação

Reportagem publicada pela Forbes mostra como a startup americana Oishii tem usado inteligência artificial, robótica e agricultura vertical para produzir morangos mais saborosos, sustentáveis e em escala comercial nos Estados Unidos. A empresa, fundada por Hiroki Koga, inaugurou em 2024 a Amatelas Farm, considerada hoje a fazenda de morangos mais tecnológica do mundo.

Instalada em uma antiga fábrica nos arredores de Nova York, a estrutura opera com 95% de reaproveitamento de água, energia solar e polinização natural feita por abelhas — um feito raro em ambientes fechados.

Mais de 50 robôs com IA circulam pelas estufas monitorando e colhendo os frutos no ponto ideal de maturação, em um sistema que dispensa o uso de pesticidas e reduz o desperdício.

Produção sob controle total

A operação combina automação, sensores e algoritmos que ajustam em tempo real fatores como temperatura, umidade e iluminação. As estruturas móveis simulam a alternância térmica entre o dia e a noite, estimulando o crescimento das frutas como se estivessem ao ar livre — com a vantagem de não depender das condições climáticas.

Com esse modelo, a Oishii afirma ter conseguido replicar, em ambiente controlado, a complexidade de um ecossistema natural, inclusive com a presença ativa de abelhas para a polinização. O resultado é um morango premium, mais doce e aromático que as variedades encontradas nos supermercados tradicionais, segundo o CEO.

Crescimento acelerado com IA

A empresa também incorporou recentemente a Tortuga AgTech, referência global em colheita robótica. A startup desenvolve sistemas capazes de executar tarefas agrícolas com precisão, como poda, identificação de pragas e análise da maturação dos frutos. A aquisição amplia a capacidade operacional da Oishii e reforça sua estratégia de crescimento com foco em eficiência e tecnologia.

Embora o preço inicial dos morangos chegasse a US$ 50 por bandeja, os avanços operacionais já permitiram reduzir o valor para algo entre US$ 12 e US$ 15, ampliando o acesso ao produto. A Oishii já iniciou o cultivo de outras frutas, como tomates, e estuda como expandir o modelo para culturas alimentares mais básicas — ainda um desafio do ponto de vista econômico.

Segundo a Forbes, o caso da Oishii ilustra como a agricultura de alta tecnologia pode oferecer soluções concretas diante de problemas como escassez hídrica, degradação do solo e crise de mão de obra. Porém, ainda não está claro se esse modelo substituirá a agricultura convencional ou permanecerá no segmento premium, mas o potencial de transformação está posto. Como disse Koga à publicação, “o futuro do sabor pode não estar no solo, e sim nos dados”.