Para Guilherme Muchale, gerente do Observatório e economista-chefe da Fiec, o projeto quer identificar quem vai empreender, formar e inovar. É uma leitura ampla do futuro das profissões Foto: José Sobrinho/Fiec

O Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) deu início a um novo projeto voltado à formação profissional para a economia do hidrogênio verde (H₂V) no Ceará. A iniciativa, chamada “Educação e Competências para o Futuro”, pretende mapear os perfis que serão demandados por toda a cadeia produtiva do H₂V, da produção de energia à dessalinização de água, passando por inovação e logística.

O projeto é uma articulação entre o setor produtivo, o governo estadual, a academia e o Complexo do Pecém.

A primeira reunião de trabalho, realizada na semana que passou, reuniu representantes da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (SDE); Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece); Universidade Federal do Ceará (UFC); Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE); Associação das Empresas do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (AECIPP), Voltalia, Fortescue e Instituto Verdeluz.

Para Guilherme Muchale, gerente do Observatório e economista-chefe da Fiec, o projeto vai além do chão de fábrica. “Queremos entender quem vai empreender, quem vai formar, quem vai inovar. É uma leitura ampla do futuro das profissões”, afirma.

Formação com propósito

A expectativa é que os dados levantados subsidiem políticas públicas e a criação de cursos técnicos, tecnológicos e universitários. Instituições como a UFC já consideram usar os resultados como base para revisar currículos e incluir novas disciplinas voltadas à transição energética.

“Esse trabalho é um balizador. Nos ajuda a ajustar a formação à nova realidade econômica”, diz José Barros Neto, pró-reitor de Inovação da UFC.

Representando o setor privado, Ewerton Calixto, gerente de projetos da Voltalia, avalia que a indústria precisa de talentos com visão holística. “Formar esse profissional é um desafio. Ele terá que compreender o processo, o mercado e as soluções ambientais de forma integrada”, pontua.

A iniciativa comandada pela Fiec reforça o esforço do Ceará em liderar a agenda de hidrogênio verde na América Latina, agora com foco também no capital humano que vai sustentar esse avanço.