Exposição Vórtex

Aratuba, Brejo Santo, Caucaia, Crateús, Crato, Eusébio, Fortaleza, Acopiara, Granja, Iguatu, Jucás, Massapê, Quixelô e Sobral. São desses municípios cearenses os 39 artistas (Alexia Ferreira, Alice Dote, Amanda Nunes, Anderson Morais, Arivanio, Arthur Siebra, Azuhli, Beatrice Arraes, Bento Ben Leite, Blecaute, Artur Bombonato, Celeste, Céu Vasconcelos, Charles Lessa, Darks Miranda, Diego de Santos, Dinha Ribeiro, Ferrerin, Fluxo Marginal, Francisco de Almeida, Gerson Ipirajá, Jane Batista, Jonas Van, Juno B, Kulumym-açu, Linga Acácio, M. Dias Preto, Marina de Botas, Merremii Karão Jaguaribaras, Negrosoousa, Nicolas Gondim, Plantomorpho, Rodrigo Lopes, Ruy Relbquy, Sérgio Gurgel, Sy Gomes, VORS e Zé Tarcísio) que participaram da Exposição Vórtex, na OMA Galeria (rua Pamplona, 1197 – Casa 4 – Jardim Paulista), em São Paulo.

Entre esses nomes, existem aqueles mais jovens, que expuseram fora do Ceará pela primeira vez, e artistas mais experientes, mas que, infelizmente, para o eixo artístico sudestino, se apresentaram como novidade. De acordo com a curadora Lucas Dilacerda, Vórtex é um movimento de giro do eixo, uma força centrífuga que transforma o centro em espiral. Há tempos nosso estado vem sendo um celeiro de grandes nomes da arte e, ainda, de artistas que, com talento e maestria, estão trilhando um lindo caminho.

“Vórtex é um movimento de giro do eixo. É uma força centrífuga que transforma o centro em espiral.”

Objetivos da exposição
A mostra, além de expandir a produção cearense para além dos nossos muros, teve o intuito de desmistificar os estereótipos que a região Sudeste tem sobre o Nordeste e, em especial, sobre o Ceará. Vórtex apresentou uma produção artística que foge desse imaginário colonial, de forma diversa e multifacetada. Para isso, os artistas utilizaram as mais diversas técnicas, poéticas e repertórios. Sem deixar de lado, é claro, uma multiplicidade de temas, que passearam entre magia, corpo, religiosidade, ancestralidade, espiritualidade, negritude, território, questões de gênero e natureza.

Vórtex é essa experiência de vertigem, quando o eixo do mundo que conhecemos desmorona e precisamos aprender uma outra maneira de ficar de pé. O seu movimento de giro é, antes de tudo, um movimento de descentralização.

“’Ceará’ não é um tema, mas sim, uma força de implosão que desmorona a imagem cristalizada de ‘outro’. ‘Ceará’ é a força de estilhaçamento que faz da quebra o seu movimento de criação. Por isso, esta foi uma exposição de cacos, e cada obra foi um ponto de vista que nos permitiu teletransportar para os infinitos mundos sociais, políticos, culturais, afetivos, oníricos e ancestrais”, pontua Lucas. A exposição, que integrou o Circuito SP-Arte, considerada a mais importante semana de arte da América Latina, foi uma importante vitrine para os participantes, visto que passaram a ser conhecidos por especialistas e entusiastas do setor. “A médio prazo, essa exposição terá grandes efeitos. Tenho certeza que, depois dela, vários artistas cearenses voltarão para outras exposições, ganharão oportunidades, além de voltar para o Ceará com novos conhecimentos e difundindo-os”, ressalta Lucas.

Participaram da exposição, em São Paulo, 39 artistas de diferentes municípios cearenses.

Ceará pede uma outra língua
E finaliza: “Não queremos ser brasileiros, por mais que possamos fazer um uso estratégico dessa categoria. Se foi São Paulo quem por muito tempo se autodeterminou porta-voz da arte brasileira, não nos resta brigar pela partilha do bolo, mas sim dizer que não nos falta nada, pois já temos tudo. Se Brasil é o nome de um projeto colonial, Ceará é o nome de uma parábola fantástica. Aqui, as velhas categorias da arte brasileira não conseguem nos classificar, a tradicional gramática estética gagueja ao tentar nos compreender. “Ceará” pede uma outra língua, um outro olhar, um outro vocabulário”.

Exposição Vórtex

Por: Mirtila Facó/ Insider #207