Para evitar esse cenário, o PNUD defende políticas públicas que ampliem o acesso à tecnologia FOTO: Freepik

A rápida expansão da inteligência artificial (IA) pode criar uma nova onda de desigualdade global, segundo um relatório divulgado nesta terça-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A entidade afirma que, sem ação coordenada, a tecnologia tende a aprofundar diferenças econômicas, sociais e institucionais entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento.

O documento, intitulado The Next Great Divergence, aponta que a IA tem potencial para desencadear uma “grande divergência” entre os países, revertendo décadas de aproximação em indicadores como renda, educação e saúde. Nas últimas cinco décadas, comércio internacional e avanços tecnológicos ajudaram a reduzir parte dessas disparidades — tendência que agora pode ser ameaçada.

O economista-chefe do escritório Ásia-Pacífico do PNUD, Philip Schellekens, afirmou em coletiva em Genebra que a IA inaugura “uma nova era de desigualdade”, ao favorecer nações que já contam com infraestrutura digital, força de trabalho qualificada e maior capacidade de investimento. Países que não conseguirem acompanhar essa transformação podem ficar ainda mais distantes dos centros de inovação.

O relatório também reforça que o desequilíbrio provocado pelo avanço tecnológico não afetará apenas economias mais frágeis. Caso a lacuna se amplie, efeitos indiretos como maior pressão migratória e tensões relacionadas à segurança global podem atingir até mesmo os países mais ricos, disse Schellekens.

Para evitar esse cenário, o PNUD defende políticas públicas que ampliem o acesso à tecnologia, fortaleçam capacidades educacionais e promovam a inclusão digital — medidas consideradas essenciais para que a IA se torne um instrumento de desenvolvimento, e não de exclusão.