reforma no sistema eleitoral

Novo Código Eleitoral enfrenta resistência em três Frentes sensíveis

Por Aflaudisio Dantas - Em 29/07/2025 às 12:57 AM

Marcelo Castro

Deputado Marcelo Castro, relator do novo Código Eleitoral. Foto: Roque de Sá/Agência Senado.

Com o retorno das atividades legislativas no Senado, um dos principais temas em pauta é a votação do novo Código Eleitoral (PLP 112/2021), cuja proposta busca unificar e modernizar sete legislações atualmente em vigor, incluindo o Código Eleitoral de 1965, a Lei das Eleições, a Lei dos Partidos Políticos e a Lei da Ficha Limpa. Apesar de mais de 90% do texto já ter consenso entre os parlamentares, três pontos centrais ainda geram polêmica e precisarão ser resolvidos antes da aprovação definitiva: a criminalização das fake news, a exigência de quarentena para agentes públicos e a proposta de retorno do voto impresso.

O primeiro grande impasse diz respeito à criminalização da desinformação eleitoral. O projeto prevê pena de até 4 anos de prisão, podendo chegar a 16 anos em casos agravados, para quem divulgar “fatos sabidamente inverídicos” com o objetivo de interferir no processo eleitoral. Parlamentares da oposição, como Rogério Marinho (PL-RN) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), têm criticado o dispositivo, afirmando que ele pode abrir margem para censura e limitar a liberdade de expressão, especialmente em ambientes digitais. O relator da proposta, senador Marcelo Castro (MDB-PI), por outro lado, defende que o objetivo é proteger a integridade do processo eleitoral, e que o texto prevê salvaguardas para críticas legítimas ao sistema eleitoral e seus agentes.

Outro ponto sensível é a chamada “quarentena” para servidores públicos. A proposta atual exige um afastamento mínimo de dois anos para que juízes, promotores, policiais, delegados e militares possam se candidatar a cargos eletivos. O texto original previa quatro anos, mas o prazo foi reduzido após pressão de parlamentares ligados a essas categorias. Críticos da medida argumentam que ela cria barreiras à participação política de servidores de menor remuneração, enquanto os defensores apontam a necessidade de preservar a imparcialidade e o caráter técnico dessas funções, evitando o uso da estrutura estatal em benefício eleitoral.

A terceira questão de destaque é a discussão sobre o retorno do voto impresso. Embora o texto do novo Código Eleitoral não contemple essa proposta, há pressão de alguns senadores para incluí-la por meio de destaques. Esses parlamentares alegam que a impressão do voto aumentaria a confiança da população no processo. O relator, porém, refuta a proposta, alegando que o sistema eletrônico de votação é seguro, transparente e auditável, e que jamais apresentou fraudes comprovadas nas mais de 15 eleições realizadas desde sua adoção. Ele ainda lembra que testes com voto impresso em 2002 mostraram inconsistências e aumentaram o custo e a complexidade do sistema eleitoral.

A expectativa é que o Senado vote o novo Código Eleitoral ainda em agosto, para que o projeto possa ser encaminhado à Câmara dos Deputados e sancionado até o início de outubro, garantindo sua validade para as eleições de 2026. No entanto, o sucesso dessa tramitação dependerá da resolução dos impasses em torno dos temas mais controversos, que devem ser decididos por meio de destaques individuais ou votações em separado. O relator acredita que o diálogo entre as lideranças partidárias será essencial para viabilizar um texto equilibrado, capaz de modernizar a legislação eleitoral sem comprometer princípios democráticos fundamentais.

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valorização da natureza

Brasil institui política nacional para incentivar visitação a parques naturais

Por Aflaudisio Dantas - Em 29/07/2025 às 12:26 AM

Parque Nacional Da Serra Geral

Parque Nacional Da Serra Geral, entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina será um dos beneficiados com a nova lei Foto: Ministério do Meio Ambiente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou, com um veto, a Lei nº 15.180, que institui a Política Nacional de Incentivo à Visitação em Unidades de Conservação. A medida foi publicada no Diário Oficial da União nesta segunda (28) e decorre da aprovação do Projeto de Lei nº 4.870/2024, proposto pelo deputado Túlio Gadêlha (Rede–PE) e relatado no Senado pelo senador Weverton (PDT–MA).

O principal objetivo da nova legislação é estimular o acesso a parques nacionais, estaduais e municipais por meio de ações que integrem educação ambiental, turismo ecológico, lazer e recreação, respeitando os objetivos de conservação dessas áreas. A lei prevê ainda ampliação das atividades culturais, esportivas e educativas, conscientização ambiental e universalização do acesso às unidades de conservação como destinos turísticos em diferentes escalas.

Foi criado um fundo privado com a finalidade de financiar investimentos e operações relacionadas à visitação dessas áreas protegidas. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e órgãos ambientais estaduais e municipais poderão contratar bancos oficiais, sem licitação, para gerenciar esse fundo. A iniciativa busca reunir recursos oriundos de doações, rendimentos financeiros, ajustes de conduta, acordos judiciais ou extrajudiciais, convênios e parcerias com entidades públicas ou privadas, nacionais e estrangeiras..

Veto

O único ponto vetado da proposta original era a destinação obrigatória de 5% dos valores arrecadados com compensações ambientais para o fundo. Segundo o Executivo, essa vinculação compulsória representaria um vício de inconstitucionalidade, afetando a autonomia local dos estados e municípios e a conveniência administrativa no uso dos recursos públicos.

A lei também estabelece que a gestão da visitação poderá ocorrer por diversos formatos: diretamente pelo órgão gestor, por meio de concessões ou permissões à iniciativa privada, por cooperação com outras entidades públicas, organizações sociais ou da sociedade civil em regime de mutua cooperação. O uso das UCs deve respeitar os limites ambientais e os planos de manejo vigentes, evitando impactos prejudiciais à fauna, flora e recursos naturais. Serão oferecidos aos visitantes materiais educativos, com orientações sobre turismo responsável e boas práticas de convivência com a natureza.


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terras raras

Governo amplia controle sobre minerais diante do interesse dos EUA

Por Aflaudisio Dantas - Em 29/07/2025 às 12:24 AM

Lula Minerais De Terras Raras

Presidente que qualquer pesquisa ou exploração só deve ocorrer com supervisão do Brasil Foto: Ricardo Stuckert/PR

Durante a inauguração da usina termelétrica GNA II, no Porto do Açu (RJ), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu com veemência a soberania nacional sobre os minerais críticos, também chamados de minerais de terras raras presentes no solo brasileiro. Ele rejeitou propostas externas de exploração, afirmando que a riqueza mineral deve ser gerida em benefício do povo brasileiro.

Lula anunciou a criação de uma “comissão ultraespecial” para mapear e diagnosticar os recursos minerais do país, com foco em insumos estratégicos como nióbio, lítio, grafite, cobalto e terras raras—fundamentais para tecnologias limpas e energias renováveis. Segundo ele, cerca de 70% do território nacional ainda não foi adequadamente pesquisado, o que reforça a necessidade desse levantamento institucional.

O presidente ressaltou que qualquer pesquisa privada deverá ocorrer sob controle do governo. Se houver mineral identificado, a empresa não poderá vender ou comercializar áreas sem autorização prévia do Estado. “Aquilo é nosso, do povo brasileiro”, alertou.

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