depoimento ao STF

Bolsonaro nega ter cogitado golpe de Estado e afirma fidelidade à Constituição

Por Marlyana Lima - Em 10/06/2025 às 5:27 PM

Jair Bolsonaro

Ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento e negou ter articulado golpe

Em depoimento prestado nesta terça-feira (10) ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro negou ter considerado ou articulado um golpe de Estado durante seu mandato. A oitiva faz parte do processo que investiga uma suposta tentativa de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022.

Na condição de réu, Bolsonaro foi confrontado com as acusações de que teria participado da elaboração de medidas inconstitucionais para reverter o resultado do pleito. Ele afirmou que a hipótese de ruptura democrática nunca foi discutida em seu governo. “Da minha parte, nunca se falou em golpe. Golpe é abominável. O golpe até seria fácil começar. O afterday é imprevisível e danoso para todo mundo. O Brasil não poderia passar por uma experiência dessa. Não foi sequer cogitada essa hipótese no meu governo”, declarou.

O ex-presidente também negou ter redigido ou participado da construção de uma minuta que previa intervenção militar. A existência desse documento foi mencionada por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator no caso, durante depoimento realizado na segunda-feira (9). Segundo Cid, Bolsonaro teria lido e sugerido alterações no texto, incluindo a possibilidade de prisão de ministros do STF. Bolsonaro, no entanto, rejeitou essa versão. “Não procede o enxugamento. As informações que eu tenho é de que não tem cabeçalho nem o fecho [parte final]”, disse.

Ao longo do depoimento, o ex-presidente reiterou que sempre agiu dentro dos limites constitucionais. “Eu sempre tive o lado da Constituição. Refuto qualquer possibilidade de falar em minuta de golpe e uma minuta não esteja enquadrada na Constituição”, declarou.

O interrogatório inclui questionamentos do procurador-geral da República, Paulo Gonet, além de perguntas das defesas dos outros sete réus do chamado núcleo 1 da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O grupo é acusado de integrar uma trama golpista para impedir a transição democrática de poder após as eleições de 2022.

O andamento do processo no STF é acompanhado de perto por parlamentares, juristas e analistas políticos, dado o impacto institucional das acusações envolvendo um ex-chefe de Estado. A expectativa é que o depoimento de Bolsonaro e os desdobramentos das investigações ofereçam novos elementos para as decisões futuras do Supremo e da PGR sobre o caso.

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