LUTO

Ex-Prefeito José Walter, pioneiro da urbanização popular, morre aos 97

Por Aflaudisio Dantas - Em 04/07/2025 às 3:58 PM

José Walter

José Walter governou Fortaleza por indicação do Regime Militar Foto: reprodução Instagram/@evandroleitão

Morreu nesta quinta-feira (3), aos 97 anos, o engenheiro civil e ex-prefeito de Fortaleza José Walter Barbosa Cavalcante, uma das figuras mais influentes na modernização da capital cearense durante o século XX. Seu nome, hoje eternizado em um dos bairros mais populosos da cidade, transcende o cargo que ocupou entre 1967 e 1971 para representar uma visão de urbanismo voltada à dignidade das famílias de baixa renda e à expansão organizada da cidade. Ele foi vítima de uma parada cardiorrespiratória e foi socorrido para uma unidade hospitalar, onde veio a falecer.

Nascido no município de Capistrano, no interior do Ceará, José Walter formou-se engenheiro a Universidade Mackenzie em São Paulo e dedicou a maior parte de sua trajetória à vida pública e acadêmica. Professor catedrático da Universidade Federal do Ceará (UFC) e ex-diretor da Estrada de Ferro Fortaleza–Baturité, era reconhecido por sua discrição, pragmatismo técnico e compromisso com o planejamento urbano. Quando assumiu a prefeitura, nomeado durante o regime militar, encontrou uma cidade mal iluminada, com ruas empoeiradas e escassa infraestrutura. Cenário que se propôs a mudar com determinação e obras estruturantes.

Durante sua gestão, Fortaleza viu nascer importantes eixos de mobilidade, como os primeiros trechos da Avenida Perimetral, e novos equipamentos públicos, como o Ginásio Paulo Sarasate. Mas o projeto que mais marcou sua história foi o conjunto habitacional que viria a levar seu nome: um grande loteamento planejado no Mondubim, com moradias destinadas a famílias humildes, infraestrutura básica e espaço para quintais. O então Conjunto José Walter se tornaria, com o tempo, um bairro oficial da cidade e símbolo de uma urbanização voltada à inclusão social.

Apesar da grandeza das obras, José Walter manteve-se alheio à vaidade política. Nunca reivindicou homenagens, tampouco fez questão de ser lembrado por monumentos. Preferia caminhar anonimamente pelas ruas do bairro que ajudou a erguer, observando a vida que brotou de sua iniciativa. Seu legado, mais do que concreto, está na memória coletiva de milhares de fortalezenses que encontraram no bairro uma chance de começar de novo.

Ao lado da esposa, Maria Amélia, construiu uma família com quatro filhas, netos e bisneto. Também enfrentou dores profundas, como a perda do único filho homem, ainda na infância. Nos últimos anos de vida, viveu à beira-mar, contemplando a cidade com a serenidade de quem ajudou a moldá-la.

Últimas homenagens

O velório aconteceu na manhã de sexta-feira (4), em Fortaleza, com missa de corpo presente e sepultamento no Cemitério Parque da Paz.

 

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