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Ramagem nega espionagem e envolvimento em plano golpista durante interrogatório no STF

Por Marlyana Lima - Em 10/06/2025 às 1:10 AM

Alexandre Ramagem Fellipe Sampaio Stf

Alexandre Ramagem foi interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes – Foto: Fellipe Sampaio / STF

O deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem (PL-RJ), negou na segunda-feira (9) ter utilizado a estrutura da agência para monitorar ilegalmente ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante o governo de Jair Bolsonaro.

Interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes, Ramagem é um dos réus na ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele é acusado de integrar o chamado “núcleo operacional” da suposta trama, utilizando a Abin para perseguir adversários políticos do então presidente Bolsonaro.

Durante o depoimento, Ramagem foi categórico ao refutar qualquer participação em ações de espionagem ilegal. “Nunca utilizei monitoramento algum pela Abin de qualquer autoridade”, afirmou ao ministro. Segundo ele, a agência sequer teria controle direto sobre os sistemas de vigilância mencionados na investigação.

Principais acusações

Entre as principais acusações, está o uso do software de espionagem FirstMile. Ramagem negou que o programa estivesse em funcionamento no período das supostas irregularidades. “O sistema deixou de ser utilizado pela Abin em 2021”, disse, alegando que a Polícia Federal cometeu erro ao relacioná-lo ao caso: “É mais uma indução a erro do juízo pela Polícia Federal.”

O ex-diretor da Abin também se defendeu da acusação de ter repassado documentos ao então presidente Jair Bolsonaro com conteúdo para embasar narrativas de fraude nas eleições. “Eu escrevia textos privados que me concatenavam alguma ideia para, se possível, em algum momento, ter algum debate”, disse, negando qualquer intenção conspiratória.

Depoimento de Mauro Cid

Pouco antes, Mauro Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, prestou novo depoimento e confirmou que o ex-presidente teve conhecimento prévio da chamada minuta do golpe — um documento que detalharia planos para invalidar o resultado das eleições de 2022. A revelação reforça a tese da existência de uma articulação coordenada para impedir a posse de Lula e pode pesar nos próximos depoimentos.

Semana decisiva para investigações no STF

Até a próxima sexta-feira (13), o ministro Alexandre de Moraes deve ouvir nove investigados, incluindo o próprio Jair Bolsonaro e o general Braga Netto, apontados como integrantes do “núcleo crucial” da tentativa de golpe.

 

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