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Como a guerra entre Rússia e Ucrânia pode prejudicar a economia brasileira?

Por carol - Última Atualização 20 de março de 2022

Os Estados Unidos e a União Europeia, já colocaram em prática as sanções contra a Rússia, com a finalidade de frearem os ataques na Ucrânia. As medidas de contenção são instaladas a favor da paz, porém, uma guerra sempre deixa sequelas e as consequências não afetam apenas os russos, e sim diversos países de todo o globo, entre eles o Brasil.

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Segundo o professor do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário do Distrito Federal – UDF, Dr. Carlos Henrique Canesin, apenas em 2021, as exportações brasileiras para a Rússia atingiram cerca de USD 1,7 bilhões, concentrando-se em produtos agrícolas como soja, carnes de frango e bovinas, amendoim, café e açúcar. Já nas importações, no ano passado, o país importou USD 5,6 bilhões da Rússia, dos quais 60% (USD 3,5 bilhões), eram em fertilizantes.

Para o professor, além dos adubos, são de extrema importância para o Brasil as importações de energia, como carvão, e petróleo, que juntos representam 16%, e de insumos industriais, como ligas metálicas. Portanto, o país sofrerá impactos nos setores agrícolas e energéticos, que por serem básicos na economia, causarão impactos negativos para os consumidores de forma potencialmente ampla.

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“Os mercados de commodities globais, já estão sofrendo os efeitos do conflito, tendo em vista que a Rússia é um dos maiores fornecedores de petróleo, gás e fertilizantes para o mercado internacional, dessa forma, o impacto sobre a economia brasileira não é apenas direto e derivado da relação Brasil-Rússia, mas também indireto, em consequência da posição russa nos mercados globais”, explica.

O especialista ressalta que a escalada das sanções à Rússia, pode gerar recordes de preços internacionais de energia e fertilizantes, impactando as cadeias globais de valor e não só o mercado doméstico brasileiro, mas também a competitividade do Brasil nos mercados internacionais.

De acordo com o professor do UDF, no caso dos combustíveis, embora a importação de petróleo responda por apenas 6% do volume total no país, o setor é altamente interdependente com o restante do mundo e o Brasil exportou cerca de 48% de sua produção, principalmente para a China, com isso, a elevação dos preços internacionais pode trazer grandes impactos sobre os preços e o fornecimento doméstico do insumo, sem a possibilidade de descartar problemas de suprimento do mercado interno devido à elevação do preço e da demanda internacional.

Já na questão dos alimentos, a Rússia responde em média por aproximadamente 23% das importações de fertilizantes no Brasil, sendo virtualmente o único fornecedor de nitrogenados. “Considerando que o país é dependente destas importações para um setor agrícola moderno e altamente intensivo em insumos, seguramente teremos um impacto negativo nos preços finais devido à elevação do custo de produção”, comenta.

O internacionalista ressalta que pode acontecer uma pressão inflacionária sobre o setor, em razão da redução da oferta internacional de alimentos e elevação dos preços, tendo em vista que países europeus já começaram a impor bloqueios de exportação de grãos e principalmente de trigo.

“Este efeito negativo deverá perdurar no curto a médio prazo, mesmo a despeito de estratégias para acalmar o problema, como: a diversificação dos fornecedores internacionais e fomento da produção doméstica, já que os preços no mercado internacional foram igualmente afetados e a produção doméstica é de maior custo, exigindo um nível elevado de investimentos para ser viabilizada”, afirma.

 

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