FIEC SUMMIT 2023

Hidrogênio Verde deve transformar o Ceará em relevante player internacional

Por Marcelo - Em 25/10/2023 às 8:33 PM

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) Ricardo Cavalcante destacou, nesta quarta-feira (25), no seu discurso de abertura do FIEC Summit 2023, cujo tema central é o Hidrogênio Verde (H²V), que o processo de transição energética é um imperativo e não há plano B, pois as mudanças climáticas são “uma realidade gritante”. Durante o primeiro dia do Summit, que está sendo realizado no Centro de Eventos do Ceará (CEC), ele ressaltou que o setor industrial cearense está preparado para atuar fortemente nesta área. Muitos países estão investindo elevados recursos em inovação, para acelerar o processo de descarbonização do planeta.

Ricardo Cavalcante – ao centro – comandou a abertura do FIEC Summit 2023 no Centro de Eventos

“E nessa corrida global, o Brasil desponta como um dos países com maior potencial para se tornar um importante player internacional da transição”, afirma. Lembrando que o relatório ‘Hidrogênio Verde e a América Latina’ ressalta que nosso País tem um potencial abundante em energias renováveis – notadamente eólica e solar fotovoltaica -, nas quais o Ceará possui uma das melhores condições do planeta. Além disso, tem uma infraestrutura pronta para receber elevados investimentos, na região do Complexo do Pecém e da Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE Ceará).

Tanto que já são mais de 30 memorandos de entendimento (MoUs) firmados com grande empresas brasileiras e do exterior, interessadas em produzir o combustível do futuro em solo cearense. Destacou, ainda, o empenho do ex-governador cearense e hoje ministro da Educação, Camilo Santana, em viabilizar a instalação do Hub de H²V no Complexo do Pecém. Assim como o senador Cid Gomes, que vem liderando as discussões sobre o tema no Congresso Nacional, e o governador Elmano de Freitas, para quem o Hidrogênio Verde é uma prioridade.

Ressalto ainda, em âmbito federal, o compromisso do vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, em trabalhar firme pela regulamentação do Hidrogênio Verde no Brasil. “Os investimentos declarados no nosso Estado de apenas sete empresas, das 32 que assinaram MoUs com o Ceará, chegam à casa dos US$ 29,7 bilhões. Recentemente o Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior , com apoio do Banco Mundial, investirá US$ 100 milhões em projetos de infraestrutura necessários para o desenvolvimento de um Centro de Hidrogênio Verde no Pecém”, enfatiza Ricardo Cavalcante. E há parcerias firmadas com a Agência de Cooperação Alemã (GIZ), Maersk Training, Aeris Energy, B&Q, Enel, dentre outras empresas do Brasil e exterior.

Investimentos

Durante o painel ‘Investidores: suas iniciativas e empreendimentos no Ceará’, representantes de grandes players nacionais e internacionais das cadeias produtivas de energias renováveis, implementos e de H²V, ressaltaram o interesse em investir no Hub de H²V do Ceará. Para Fernando Elias, diretor de Regulação e Comercialização da Casa dos Ventos, a empresa possui cerca de 730 megawatts (MW) em parques eólicos instalados ou em instalação no Brasil, está pronta para atuar na cadeia do H²V, amônia verde, Metanol Verde e combustível de aviação (SAF) verde. E salientou acreditar muito no potencial de produção na região do Complexo do Pecém. “Tem muitas vantagens por ser perto da Europa, possuir uma ZPE, parceria com o Porto de Roterdã, fontes abundantes e constantes de energias limpas (eólica e solar), além de uma grande infraestrutura pronta no Porto do Pecém. Temos um parque a ser instalado ali, com capacidade de 120 MW de eletrólise para 2027, acreditando na demanda na Europa. São US$ 800 milhões em investimentos nessa primeira fase, mas no total devemos chegar a US$ 8,4 bilhões”, revelou.

Alexandre Negrão

O empresário Alexandre Negrão, CEO da Aeris Energy, afirmou que a empresa é a maior fabricante de pás eólicas do mundo, com três unidades situadas na região do Pecém, e seis gigawatts (GW) de capacidade de produção, fabricando pás entre 72 e 84 metros de comprimento. “Por sua localização, vai estar muito bem posicionada para atender às demandas dos parques eólicos offshore. Mas é preciso o apoio, maiores investimentos e incentivos de exportação por parte do Governo Federal, para desenvolver melhor a indústria de pás eólicas. Nossa empresa tem investido fortemente, tanto que quando chegamos ao Ceará, em 2012, tínhamos uma área fabril de 18.000 m² e, atualmente, estamos com 225.800 m²”, destaca Negrão.

O vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da Vestas na América Latina, Leonardo de Morais, ressaltou que a transição energética representa uma grande oportunidade de industrialização e geração de postos de trabalho para o Brasil e o Ceará. “Somente na geração eólica onshore (em terra) temos 27 GW instalados, mas o potencial chega a 500 GM. E na geração offshore (no mar), estudos mostram que o potencial brasileiro chegam aos 700 GW. Hoje, a Vestas tem sete GW instalados em 12 estados do País e mais cinco GW em contratos assinados para futuras instalações com nossos clientes. Ou seja, são 12 GW, o que equivale quase a uma Itaipu (14 GW)”, explica.

O FIEC Summit 2023 contou ainda com a participação de outros executivos e empresários com foco na produção de Hidrogênio Verde ou energias renováveis. Também houve um keynote speaker com o tema: ‘Política alemã de importação de Hidrogênio Verde’, com Ursina Krumpholz, conselheira do Ministério da Economia e do Clima da Alemanha; além de um debate sobre Certificação e financiamento do H²V, com participação de executivos de câmaras de comércio e bancos nacionais e internacionais. E amanhã haverá painéis sobre capacitação, inovação e perspectivas sobre Hidrogênio Verde no Ceará; aplicações, cadeia produtiva, infraestrutura, armazenamento, transporte e distribuição do H2V; geração eólica offshore e combustíveis sintéticos à base de H²V.

“Este é um dos maiores eventos do mundo na área do Hidrogênio Verde, onde estão sendo demonstradas todas as oportunidades que nós, empresários, temos e mostrando com uma visão de futuro, como podemos investir e participar de toda essa cadeia do H²V. É uma oportunidade única que estamos tendo, numa grande realização da FIEC tendo à frente o presidente Ricardo Cavalcante, que vem se destacando a nível nacional, o que engrandece a gente, fazendo com que possamos olhar para o Ceará e para o Brasil, com esta inovação e desenvolvimento que estão se instalando em nosso Estado. A prova maior é o painel com as maiores empresas do Ceará, do Brasil e do mundo, que trabalham com energias renováveis e estão investindo no Hidrogênio Verde, trazendo uma segurança muito grande de que muitos outros investimentos virão para o nosso Estado”, completa Sampaio Filho, diretor de Inovação da FIEC.

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