Quando o sertão ganhou o mar

Museu da Imagem e do Som abre exposição sobre o compositor cearense Humberto Teixeira

Por Viviane Ferreira - Em 17/11/2023 às 10:22 AM

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O Museu da Imagem e do Som do Ceará abre neste sábado (18) a exposição “Quando o sertão ganhou o mar – A obra de Humberto Teixeira”, sobre o compositor cearense.

Natural de Iguatu, Humberto Teixeira (1915 – 1979) ficou conhecido por sua parceria musical com Luiz Gonzaga na difusão do baião. Com curadoria de Lu Basile, a exposição oferecerá um passeio pela trajetória pessoal e profissional do artista.

 

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Lu Basile

A abertura acontece no sábado, a partir das 18h, na Praça do MIS. Em seguida, às 19h, haverá show de Nonato Luiz. Toda a programação é gratuita.

O MIS integra a Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, com gestão parceira do Instituto Mirante de Cultura e Arte.

Quando o sertão ganhou o mar – A obra de Humberto Teixeira”

Ocupando os andares +2 e -2 do Anexo, a exposição conduzirá os visitantes por diversos temas, passando pela história do Brasil e da música brasileira, as parcerias com Luiz Gonzaga e Lauro Maia, seu processo de composição, a vida no Rio de Janeiro, a atuação política e a luta pela valorização da música nacional.

Serão expostos itens do acervo pessoal do artista, como registros de trabalhos inéditos, fotos, instrumentos musicais e objetos. Com expografia de André Scarlazzari, a exposição levará Humberto Teixeira ao público do MIS por meio de textos, imagens, música, dança, árvores, pássaros e outras delicadezas surpreendentes, em uma exposição interativa, criativa e emocionante. Complementando a exposição, haverá uma instalação sonora na Praça do MIS chamada “Varei mais de vinte serras”, de Clau Aniz. Após a noite de abertura, a exposição ficará aberta à visitação no horário do funcionamento do museu.

A coleção Humberto Teixeira, hoje sob a guarda do Museu da Imagem e do Som do Ceará, foi adquirida pela Secretaria de Cultura do Ceará em dezembro de 2015. Formado em Direito e tendo sido um dos principais parceiros de Luiz Gonzaga, o “doutor do baião” também atuou como político.

Eleito deputado federal, lutou pela lei do direito autoral e viabilizou, com a Lei Humberto Teixeira, a realização de caravanas de artistas para divulgar a música brasileira no exterior. A coleção, cujos itens são vestígios de aspectos de sua vida pessoal e sua trajetória na música e na política, é composta por livros, revistas, fotografias, discos, álbuns de recortes, projetos de leis, partituras, documentos e objetos pessoais do compositor cearense. A exposição que o MIS agora apresenta traz um recorte deste vasto e precioso acervo.

Segundo André Scarlazzari, a concepção da expografia foi baseada em pesquisa histórica e alicerçada na estética das revistas das décadas de 1940 e 1950. No andar +2, a exposição foca na biografia do artista e em sua produção musical. Além de diversos registros em imagem, serão disponibilizadas 13 músicas de autoria de Humberto Teixeira, gravadas por diferentes intérpretes. Durante a visitação, o público poderá ouvir essas músicas individualmente em fones, e também será possível acessar vídeos com as letras dessas músicas interpretadas em Libras (Língua Brasileira de Sinais), acessibilizando a informação para a comunidade surda.

Há ainda o recurso de audiodescrição das ilhas temáticas do espaço, para que pessoas cegas ou de baixa visão possam compreender como estão organizados os espaços. Já no andar -2, por meio de diferentes recursos, a exposição se volta para o universo do baião, apresentando instrumentos musicais do gênero, uma projeção que ensina os passos básicos para dançar o baião, e instalações que trazem elementos que representam a relação que a música de Humberto Teixeira tem com o bioma do sertão, com árvores e pássaros típicos da caatinga. No hall do -2 haverá ainda uma instalação minimalista que faz alusão à frase de Humberto Teixeira, que dizia para sua filha que “gostaria de engarrafar as nuvens” para dar de presente para ela. Uma exposição poética para um homem que fez viver a poesia.

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