Especialistas analisam a suspeita de uso de informações privilegiadas sobre o anúncio de novas tarifas impostas ao Brasil por Donald Trump 

No dia 9 de julho, um movimento abrupto no mercado de câmbio pouco antes do anúncio oficial de tarifas de 50% impostas por Donald Trump sobre produtos brasileiros chamou atenção de especialistas. Em apenas três horas, foram feitas operações que resultaram em lucros milionários — e o comportamento atípico do mercado alimenta suspeitas de uso de informações privilegiadas.

O comunicado oficial de Trump foi publicado nas redes sociais às 16h17, surpreendendo até mesmo seus assessores mais próximos. Contudo, os dados do mercado indicam que nem todos foram pegos de surpresa.

Às 13h30  do mesmo dia, um movimento fora do padrão ocorreu: alguém comprou entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões em dólares, apostando contra a moeda brasileira, a um câmbio de R$ 5,46. Pouco após o anúncio de Trump, a cotação do dólar saltou para R$ 5,60, e praticamente a mesma quantidade comprada horas antes foi vendida.

Bilhões de dólares foram comprados apostando contra a moeda brasileira poucas horas antes do anúncio de Trump

Esse tipo de movimentação não é novidade em anúncios do ex-presidente americano. Episódios semelhantes ocorreram antes de tarifas anunciadas contra África do Sul, União Europeia, México e Canadá. Em uma ocasião, Trump chegou a publicar em suas redes sociais, às 9h37 do dia 9 de abril: “É uma hora excelente pra comprar!”. Poucas horas depois, anunciou uma pausa nas tarifas, provocando a valorização do mercado e beneficiando quem comprou ações antecipadamente.

Esses episódios levantaram preocupações no Congresso americano. Parlamentares democratas alertaram sobre a possibilidade de pessoas próximas a Trump estarem se beneficiando de informações privilegiadas, o que é ilegal.