Visão de Futuro

João Adibe desenha novo ciclo para a Cimed com fábrica no Nordeste e aposta em consumo

Por Anchieta Dantas Jr. - Em 12/05/2025 às 7:00 AM

 

João Adibe, Ceo Da Cimed Foto Divulgação

João Adibe, CEO da Cimed, vislumbra novos rumos para a companhia e quer ser a versão brasileira da P&G Foto: Divulgação

A Cimed, uma das principais farmacêuticas do país, está redesenhando seu futuro com olhos atentos ao mercado de consumo e à descentralização de sua estrutura. Em entrevista ao programa Call de Negócios, do NeoFeed, o CEO João Adibe revelou que a companhia avalia a criação de um spin-off (cisão na tradução direta) para separar a divisão de bens de consumo da operação de medicamentos — um movimento que pode redefinir o modelo de negócio da empresa nos próximos anos.

A ideia, segundo Adibe, é clara: “Quando tivermos a ponta separada no canal de vendas, acredito que a tendência é que realmente a gente tenha uma divisão do modelo de negócio: consumo por um lado, medicamento para outro.”

A proposta não tem data definida, mas nasce de uma constatação prática: o negócio farmacêutico exige uma lógica operacional diferente da linha de consumo — que cresce rapidamente e responde, hoje, por 40% da receita da empresa. Em 2024, o faturamento foi de R$ 3,6 bilhões. A expectativa é fechar 2025 com R$ 5 bilhões e dobrar esse valor até o fim da década.

Nova fábrica e mais canais

Com produtos que vão de vitaminas a perfumes, passando por sex toys, enxaguantes bucais e hidratantes labiais com performance de blockbuster, a Cimed quer ir além das farmácias. “A categoria de consumo atende a outros canais que não é só farma. O grande objetivo da companhia hoje é abrir outros canais”, diz o CEO, que mira a entrada em supermercados como próximo passo.

O avanço no setor de higiene e beleza será ancorado por uma nova fábrica, prevista para 2026. Com investimento de R$ 150 milhões, a planta será voltada exclusivamente para a linha de consumo. E o destino prioritário já está definido: o Nordeste.

Estamos conversando com vários governos para ver qual o incentivo vamos ter melhor. A preferência é o Nordeste”, afirmou Adibe. A unidade deve se somar à estrutura atual de Pouso Alegre (MG), onde hoje se concentra toda a produção, inclusive dos itens da R2M — marca adquirida no fim de 2023, marcando o retorno da empresa ao mercado de M&A após uma década.

Aposta de longo prazo

O reforço no caixa da Cimed veio com a entrada do fundo soberano de Cingapura, o GIC, que comprou uma fatia minoritária da empresa em uma operação 100% primária. O capital estrangeiro chega para dar fôlego a um plano ambicioso: atingir R$ 10 bilhões em receita anual até 2029.

Segundo Adibe, a nova fase não muda a essência da estratégia. “Aquisições no setor farmacêutico ou em categorias complementares sempre vão estar no nosso radar, mas nosso primeiro objetivo é manter a nossa linha de crescimento através do modelo orgânico.”

A guinada da Cimed para o consumo ocorre num mercado que movimenta cifras robustas. O setor de beleza e cuidados pessoais no Brasil deve saltar de R$ 173,4 bilhões para R$ 267,6 bilhões até 2029, segundo dados da Euromonitor. Mesmo com margens mais apertadas e riscos maiores de validade, o giro rápido e o apelo popular dessas categorias justificam a aposta.

Se no passado a Cimed ficou marcada pela ousadia em marketing, hoje ela se posiciona como uma companhia que quer estar presente em mais frentes, mais canais e, agora, em mais regiões. A preferência pelo Nordeste para sua nova fábrica diz muito sobre a rota escolhida.

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