MUDANÇA ESTRUTURAL
Empreendedorismo avança no interior cearense e descentraliza a economia
Por Marcelo Cabral - Em 23/10/2025 às 11:43 AM

Setor de serviços concentra o maior número de empresas no Ceará Foto: Douglas Filho/Portal IN
O mapa econômico do Ceará está em transformação. Se antes o caminho natural para quem desejava abrir um negócio passava, inevitavelmente, por Fortaleza, hoje a realidade é outra: o interior do Estado desponta como protagonista de uma nova fase de expansão, impulsionada pela tecnologia, pela desburocratização dos serviços públicos e por políticas de descentralização do crescimento.
A avaliação é do presidente da Junta Comercial do Estado do Ceará (Jucec), Eduardo Jereissati, para quem o avanço do empreendedorismo regional representa uma mudança estrutural. “O empreendedor do interior não precisa mais vir à Capital para prosperar. Essa é uma realidade que ficou no passado. O nosso papel tem sido criar condições para que as pessoas possam crescer onde vivem”, afirma.
Digitalização e autonomia regional
Segundo ele, a digitalização dos serviços públicos foi decisiva para consolidar esse novo cenário. Hoje, todo o processo de abertura de empresas é realizado de forma 100% online, acessível de qualquer município cearense – até mesmo via WhatsApp -, por meio do assistente virtual Juca. Este utiliza inteligência artificial para orientar o cidadão e conduzir os trâmites de maneira automatizada, com validação pelo Gov.br.
Os resultados são expressivos. O tempo médio para abrir uma empresa caiu de 150 dias para apenas cinco minutos, no caso dos empreendimentos classificados como de baixo risco. “A integração entre os órgãos públicos eliminou a repetição de etapas e documentos. Hoje, são os dados que circulam, não o cidadão”, destacou o presidente da Jucec.
Serviços lideram o cenário empresarial
A nova dinâmica econômica também vem redefinindo o perfil empresarial do Ceará. Segundo a Jucec, o setor de serviços ultrapassou o comércio e ocupa agora o topo do ranking de empresas ativas no Estado. Atualmente, são cerca de 1,07 milhão de empreendimentos registrados, dos quais 41% pertencem ao setor de serviços, 38% ao comércio e o restante à indústria. Em Fortaleza – que concentra aproximadamente 445 mil empresas – os segmentos de moda, turismo e têxtil permanecem entre os mais representativos.

Eduardo Jereissati diz que a geração Z aposta em negócios digitais
Para Jereissati, o fenômeno reflete também as transformações culturais e geracionais que vêm ocorrendo. “Os jovens empreendedores, especialmente da geração Z, estão apostando em negócios digitais, tecnologia e inovação. Isso tem ampliado o alcance da economia do Ceará e diversificado as oportunidades de trabalho”, explica.
Outro aspecto emblemático dessa revolução empreendedora é a possibilidade de formalizar atividades econômicas em espaços domésticos, respaldada pela legislação atual. “Hoje, é possível empreender no quintal de casa, gerar renda, empregar outras pessoas e movimentar a economia local. Essa é uma transformação silenciosa, mas muito significativa”, afirma Eduardo Jereissati.
Ainda de acordo com o presidente da Jucec, o fortalecimento do empreendedorismo no interior cria novos polos de consumo e renda, reduzindo a concentração econômica da Capital e promovendo uma distribuição mais equilibrada das oportunidades de negócios em todo o território cearense.
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